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29 dezembro 2011

As janelas

Olhando de fora, através de uma janela aberta, nunca se vê tantas coisas como quando se olha por uma janela fechada.

Ubatuba-SP, Praia do Félix-23/12/2011

Não existe cena, mais profunda, mais misteriosa, mais fértil, mais tenebrosa, mais encantada, que uma janela iluminada pela luz de um candelabro.

Ubatuba-SP, Praia do Félix-23/12/2011

O que a gente vê com a luz do Sol é sempre menos interessante do que o que se passa atrás de uma vidraça. Nesse buraco negro ou luminoso a vida passa, alucina e sofre.

Ubatuba-SP, Itaguá-22/12/2011

Além das frestas, das sombras do telhado, vejo uma mulher antiga, envelhecida, sem fortuna, sempre debruçada sobre alguma coisa e confinada dentro da casa.

Ubatuba-SP, Praia do Félix-23/12/2011


Observo sua fisionomia, observo sua vestimenta, seus gestos, e com esse quase nada, re-escrevo a história dessa mulher, ou melhor ainda, a sua lenda, que às vezes reconto a mim mesmo, em lágrimas.


Ubatuba-SP, Praia Vermelha do Norte-25/12/2011

Se fosse um pobre velho, eu também teria narrado a cena com igual facilidade.
E deito-me, com orgulho de ter sentido a vida e o sofrimento dos outros como se fossem meus.

Ubatuba-SP, Praia do Félix-23/12/2011

Pois então, você me dirá: "Será que essa lenda é verdadeira?".
Que importa que a realidade seja fora de mim, se ela me ajuda a viver, a sentir o que eu sou e quem eu sou?

Ubatuba-SP, Itaguá-22/12/2011

Charles Baudelaire no livro O DESEJO DE PINTAR  e outros poemas em prosa. (Simbolismo)