17 outubro 2011

EM NOME DOS ARTISTAS

"...Assim, o corpo sem órgãos nunca é o seu, o meu...


Damien Hirst - Adam and Eve exposed, 2004



É sempre um corpo. Ele não é mais projetivo do que regressivo. É uma involução, mas uma involução criativa e sempre contemporânea.
Damien Hirst - Adam and Eve exposed, 2004
Os órgãos se distribuiem sobre o CsO; mas, justamente, eles se distribuem nele independentemente da forma do organismo; as formas tornam-se contingentes, os órgãos não são mais do que intensidades produzidas, fluxos, limiares e gradientes.
Mathew Ronay - Falling... Spilling... Sprauling. 2005
You got to let it go...bro...did i do this because my daddy did it?

"Um" ventre, "um" olho, "uma" boca: Ao artigo indefinido nada falta, ele não é indeterminado ou indiferenciado, mas exprime a pura determinação de intensidade, a diferença intensiva.



Ao artigo indefinido nada falta, ele não é indeterminado ou indiferenciado, mas exprime pura determinação de intensidade, a diferença intensiva. O artigo indefinido é o condutor do desejo. Não se trata absolutamente de um corpo despedaçado, esfacelado, ou de órgãos se corpos (OsC). O CsO é exatamente o contrário. Não há órgãos despedaçados em relação a uma unidade perdida, nem retorno ao indiferenciado em relação a uma totalidade diferenciável.


Damien Hirst - Mother and Child divided, 1993

Existe, isto sim, distribuição das razões intensivas de órgãos, com seus artigos positivos indefinidos, no interior de um coletivo ou de uma multiplicidade, num agenciamento e segundo conexões maquínicas operando sobre um CsO. Logos spermaticos.


                                        Dan Colin - Eu, Jesus e as Crianças, 2001-2003

O erro da psicanálise é o de ter compreendido os fenômenos de corpos sem órgãos como regressões, projeções, fantasmas, em função de uma imagem do corpo. Por isso, ela só percebia o avesso das coisas, substituía um mapa mundial de intensidades por fotos de família, recordações de infância e objetos parciais. Ela nada compreendia acerca do ovo, nem dos artigos indefinidos, nem sobre a contemporaneidade de um meio que não pára de se fazer.


                                        Mike Bouchet - Top Cruise, 2005

O CsO é desejo, é ele e por ele que se deseja. Não somente porque ele é o plano de consistência ou o campo de imanência do desejo; mas inclusive quando cai no vazio da desestratificação brutal, ou bem na proliferação do estrato canceroso, ele permanece desejo. O desejo vai até aí: às vezes desejar seu próprio aniquilamento, às vezes desejar aquilo que tem o poder de aniquilar. Desejo de dinheiro, desejo de exército, de polícia e de Estado, desejo-fascista, inclusive o fascismo é desejo . Há desejo toda vez que há constituição de um CsO numa relação ou em outra. Não é problema de ideologia, mas de pura matéria, fenômeno de matéria física, biológica, psíquica, social ou cósmica."

trecho do livro: MIL PLATÔS - CAPITALISMO E ESQUIZOFRENIA (página 28) de Gilles Deleuze e Félix Guattari